quarta-feira, 24 de agosto de 2011

É o Espírito que vivifica (2Cor 3, 6)

A água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente de água a jorrar para a vida eterna (Jo 4, 14). É uma água completamente nova, viva e que jorra, que jorra para aqueles que são dignos dela. Por que razão é o dom do Espírito apelidado de água? É porque a água está na base de tudo; porque a água produz a vegetação e a vida; porque a água desce do céu sob a forma de chuva; porque, ao cair sob uma única forma, ela atua de uma maneira multiforme. [...] Ela é diferente na palmeira, diferente na vinha, ela dá-se inteiramente a todos. Tem apenas uma maneira de ser e não é diferente de si mesma. A chuva não se transforma quando cai aqui ou ali mas, ao adaptar-se à constituição dos seres que a recebem, produz em cada um deles aquilo que lhe convém.
O Espírito Santo atua assim. Apesar de ser único, simples e indivisível, «Ele distribui os seus dons a cada um conforme entende (1Cor 12, 11). Da mesma maneira que a lenha seca, associada à água, produz rebentos, a alma que vivia no pecado, mas que a penitência torna capaz de receber o Espírito Santo, produz frutos de justiça. Embora o Espírito seja simples, é Ele, por ordem de Deus e em nome de Cristo, que anima numerosas virtudes.
Ele utiliza a língua deste ao serviço da sabedoria; ilumina pela profecia a alma daquele; dá a outro o poder de expulsar os demónios; dá a outro ainda o de interpretar as divinas Escrituras. Fortifica a castidade de um, ensina a outro a arte da esmola, ensina àquele outro o jejum e a ascese, a outro ainda ensina a desprezar os interesses do corpo, prepara outro para o martírio. Diferente nos diferentes homens, Ele não é diferente de si mesmo, tal como está escrito: Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para proveito comum (1Cor 12, 7).

Maturidade Na Oração

Quem somos nós para achar que a nossa oração vai ser uma coisa fácil?
Como deve ser a nossa oração? Orar com poder não quer dizer que nós sejamos poderosos. Orar com poder é orar de forma tal que deixemos de atrapalhar Deus em fazer a Sua vontade em nossas vidas.
Os discípulos de Jesus se aproximam d’Ele da mesma forma que nos aproximamos d'Ele hoje: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11, 1). Esse pedido nasceu da admiração deles ao vê-Lo orando. Os discípulos se deram conta de que não sabiam como orar e pediram ao Senhor que os ensinasse.
Jesus se fez homem para nos ensinar o que é ser humano; pois não sabemos ser gente, ser humanos. Quando olhamos para o ser humano vemos uma tarefa, uma missão: realizar os sonhos de Deus em sua vida. Deus nos criou com uma missão, um projeto, e se fez Homem para mostrar o que é ser homem.
É importante nos darmos conta de que fomos escolhidos por Deus e que não viemos a este mundo por acaso. Existe um sonho de Pai, um projeto de Deus para você. Por isso, nossa primeira atitude deve ser a de nos esforçarmos para nos adequar a esse projeto divino.
Jesus ensina a oração do Pai-Nosso em duas passagens, mas em Lucas 11 ela está em uma forma mais abreviada: “Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o vosso nome, venha o vosso Reino”. Aqui já acontece uma revolução, algo extraordinário, o Senhor nos ensina a orar ao Pai para realizarmos o Reino d’Ele, o reinado de Deus em nossa vida.
No início, isso é um esforço humano, mas Deus nos visita e concede o dom, a graça de orar. Não somos nós, mas é Cristo que ora em nós pelo Seu Espírito. A Palavra diz que o Senhor reza constantemente, como se vê no Evangelho de Marcos, quando Ele estava no Horto das Oliveiras. “Não seja feita a minha, mas a Tua vontade”. Para que isso aconteça é preciso o conhecimento a respeito do “querigma”, que é o primeiro anúncio do amor de Deus, da necessidade de renunciar ao pecado e buscar a conversão.
A oração pagã é diferente: nela as pessoas perguntam qual é vontade delas e não a de Deus. Um exemplo de oração pagã moderna é o livro “O Segredo”. Nele há puro paganismo, milhões de pessoas estão caindo nesse erro. A obra fala da lei da atração: se desejamos as coisas boas, estas acontecem, mas se desejamos as ruins, elas também acontecem. Segundo a autora é preciso desejar intensamente aquilo que se quer. Sobretudo são universitários e pessoas com um grau de cultura que o estão adquirindo. São materialismo e paganismo disfarçados, os preceitos contidos nele são enganosos. Ela consegue nos enganar porque mexe com o pecado original em nós: queremos ocupar o lugar de Deus em nossa vida. Tantas pessoas morrendo de fome na África... Será que essas pessoas não desejam comida?
Está faltando maturidade para compreender o que é a vida humana. Não podemos ser infantis e achar que a nossa vontade é o melhor para nós. O pagão age como os profetas de Baal, os quais clamam por aquilo que desejam; já o cristão expressa o desejo de fazer a vontade de Deus. Se Cristo é nosso Mestre e Senhor, quem somos nós para achar que a nossa oração vai ser uma coisa fácil? Muitas vezes, fazer a vontade de Deus é um verdadeiro “parto”, ou seja, doloroso, mas é sempre o melhor para nós. Mesmo que esta nos assuste, mesmo que vejamos uma cruz, sabemos que por trás dela Deus está a ressurreição para nós.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A decepção leva ao conhecimento!

Alguns acontecimentos em nossa vida acabam nos decepcionando. Ficamos desiludidos conosco, com nossos fracassos, com nossos amigos, com nossa família, com a vida religiosa, com a paróquia em que freqüentamos etc.
Algumas pessoas reagem à decepção sem enfrentá-las e aceitam as realidades que a vida oferece, deixando as coisas acontecerem. Em seu coração morre toda a vida, toda a esperança. Com isso, enterram seus sonhos. No entanto, a decepção pode nos leva até o tesouro e nos liberta das ilusões que criamos a respeito do nosso futuro.
Talvez tenhamos olhado tudo através de um “óculos escuro”, mas agora a decepção nos tira esse óculos e nos mostra a verdade da vida. A decepção desmascara e desfaz o engano do qual fomos vítimas até então.
Mostra que nossa auto-imagem não era correta, que erramos na auto-avaliação. Desse modo a decepção é uma chance para descobrir meu verdadeiro eu, a imagem que Deus fez de mim. Claro que a decepção machuca, mas ao passar pela dor aprendemos a nos reconciliar com a realidade e assim viver de modo realista e adequado.
Ao superá-las, percebemos o crescimento em todas as áreas de nossa vida tornando-nos fortes, sábios e, principalmente, humanos.
Somente quem consegue crescer, consegue chegar a uma compreensão verdadeira. Quem não cresce não compreende os outros e nem a si mesmo.

A vida não é uma balada

 O direito de se divertir e encontrar os amigos para algumas horas de distração juntos, nunca pode tirar, da consciência, o dever de cuidar-se e cuidar dos outros. Os encontros sempre foram uma oportunidade bonita de estreitar laços de amizade e construir relacionamentos verdadeiros. As baladas são uma oportunidade positiva, para quem tem a cabeça no lugar, assim outros ambientes sociais, e podem conduzir a uma verdadeira vivência dos valores da vida humana, como por exemplo a amizade, o respeito e a valorização do outro e da vida. Somos ou não somos corresponsáveis para criar um mundo melhor? Acreditamos ou não que a vida é presente de Deus e que deve ser preservada a todo custo?
Diante de tantos fatos de jovens se matando no trânsito, excedendo em bebida alcoólica, em drogas que afetam diretamente a consciência e o correto uso da razão; diante das reuniões exclusivas para determinados grupos sociais; diante da diversidade de opções que levam jovens ou adultos a viverem alienados em um mundo ilusório, acreditando serem felizes, pergunto: Quantas vidas foram e estão sendo ceifadas, a cada dia, por causa dos abusos e extravagâncias? Como convencer esta gente que pensa que a vida não vale nada? Como os pais podem ficar tranquilos em casa em um fim de semana, sem ver os filhos de volta? Quando e como voltam? Quantos não voltaram, senão em um carro funerário!
Como parte deste mundo imundo, não podemos estar de braços cruzados. Muitas iniciativas foram tomadas e estão sendo levadas a bom termo. Atitudes de repressão, como também de educação e de prevenção, são realizadas em todos os ambientes, com o objetivo de proporcionar qualidade de vida e favorecer a construção de uma sociedade cada vez mais solidária e segura.
Além de todo o trabalho feito, a prevenção e a verdadeira educação vêm da família, onde, desde pequenos, aprendem a viver os limites da vida, onde aprendem o quanto vale cada coisa que usam, sabem de onde veio e quanto suor custou. Ao mesmo tempo, aprendem, com os pais, o caminho da igreja, do amor e o temor de Deus. Desde o colo materno e paterno os pequenos aprendem que a vida vale mais, que acima de tudo temos um Deus que nos ama e nos quer ver felizes, aqui e na eternidade.
Sem querer fazer dos filhos estátuas ou múmias sem sentimentos ou desejos, os pais devem, como missão, oferecer um caminho onde saibam valorizar o pouco, onde saibam viver na abundância e na carência, onde aprendam deste a tenra idade a orar e dobrar os joelhos, reconhecer que não estão sozinhos. Ninguém pode furtar-se a esse dever. É puro engano pensar: Vou deixar meus filhos crescerem e quando grande eles decidem o que querem seguir. A primeira escola, a primeira igreja, a primeira professora, o primeiro catequista é a sua casa, é o seu colo, é sua experiência de Deus. Quantos pais e mães, vazios de Deus, sem nenhuma experiência espiritual para apresentar aos filhos! Ninguém dá o que não tem. Com certeza, muitos deram tudo, menos o essencial. Com certeza, muitos não tinham nada e deram o que tinham: o amor e o carinho de quem acredita que a vida é dom de Deus Pai. Assim vamos contemplar um mundo, onde a morte não ocupa o primeiro lugar e nem nossas ruas ficarão manchadas de sangue de inocentes e de irresponsáveis que matam e morrem. A vida não é uma balada.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Perseverar…


Perseverar sempre...
“Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações. De todos eles se apoderou o temor, pois pelos apóstolos foram feitos também muitos prodígios e milagres em Jerusalém e o temor estava em todos os corações. Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. Unidos de coração freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação”. (At 2,42-47)Essa passagem foi ontem lida e meditada em nosso retiro da comunidade. Muitas vezes no início da nossa caminhada, vivemos o chamado “primeiro amor”, onde consumimos todo o nosso tempo, sonhos e expectativas nas mãos do Senhor.Mas, depois de algum tempo, às vezes somos levados a uma “rotina” espiritual e muitas vezes entramos em uma frieza, aridez espiritual. Aquele ardor, fervor inicial, toda aquela sede de Deus converte-se em um deserto.Então a palavra de ouro deve estar presente em nossa mente e coração: perseverar. Perseverar significa: persistir, insistir, continuar, prosseguir, permanecer, prosseguir no caminho…Muitas vezes os cuidados do mundo, as tribulações, as enfermidades, nos afastam do caminho do Senhor. É nesse momento que devemos alimentar nossa perseverança como nos ensina a leitura dos atos, alimentar nossa alma com a doutrina dos apóstolos (Palavra de Deus – Bíblia), nas reuniões em comum(vida fraterna), fração do pão(Eucaristia) e orações.Para continuarmos firmes, perseverantes, devemos estar sempre alimentados nutridos dos elementos que dispomos para galgarmos os degraus da santidade.
Então, a palavra de ordem é essa: Perseverar…

O que é Combate Espiritual?

 São Paulo compara o cristão com um soldado            O ministério de libertação é uma força de apoio ao combate espiritual a que todo cristão é chamado a viver. Precisamos conhecer esse combate na vida e nas palavras de Jesus.O Mestre sofreu tentações antes de começar Sua vida pública: cobiça, vaidade e orgulho! Venceu esses males e nos ensinou a pedir: Pai, não nos deixeis cair em tentação, MAS LIVRAI-NOS DO MAL. O Pai-Nosso é a principal oração de libertação. O Apóstolo Paulo falou muito de Combate Espiritual. O texto mais eloquente sobre esse tema está em Efésios 6,10-17: armadura do cristão. Cada versículo desse texto deve ser meditado com muita atenção.A armadura de Deus é Jesus. Precisamos nos revestir de Cristo para estar a salvo dos ataques do inimigo. Isso significa permitir que o “homem novo” vá crescendo em nós, até o ponto de podermos dizer: já não sou eu que vivo, Cristo vive em mim.Estar revestido de Cristo significa sentir como Ele sentia, fazer o que Ele fazia, falar como Ele falava, agir como Ele agia. É colocar a vontade amorosa de Deus como princípio e centro da nossa vida.A Eucaristia é a expressão maior desse revestir-se de Cristo. É o melhor refúgio. Precisamos estar conscientes de que o inimigo de Deus existe e age. A Igreja afirma claramente que o demônio existe. Mas não é tão poderoso assim… é criatura, age só com a permissão de Deus.É interessante conhecer as estratégias do maligno para que possamos resistir “no dia mau”, ou seja, na “hora H”. Santo Inácio de Loyola, com suas “regras de discernimento” nos ensina com sabedoria a perceber a voz do Espírito Santo, distinguindo-a da sedutora cantinela do inimigo.Ao final do seu texto São Paulo compara o cristão com um soldado pronto para a guerra:· o cinturão da verdade: Lembre-se de que o inimigo é o pai da mentira. É o príncipe das trevas. Portanto, não resiste à luz e à verdade. O Sacramento da Confissão é uma luz de verdade que deve ser utilizado como estratégia contra ele.· a couraça da justiça: bastaria lembrar a Campanha da Fraternidade destes dois últimos anos. Justiça e Paz se abraçarão.· calçado da prontidão para anunciar o Evangelho da Paz: a Nova Evangelização é uma estratégia de libertação. Quando nos fechamos em nós mesmos estamos à mercê dos ataques… mas quando nos colocamos a caminho…· o capacete da salvação: na cabeça, um critério muito seguro que distingue as verdadeiras das falsas doutrinas: Jesus é o Salvador.· a Espada do Espírito: é a Palavra de Deus, nosso instrumento de libertação.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Só quem caminha encontra a verdade

Cristo nos propõe um ideal dasafiador Diante dos episódios bíblicos, muitas vezes, Jesus questionava os apóstolos e os mesmos se contradiziam em suas opiniões e ações. Hoje, deparo-me com a nossa capacidade de fazer um juízo das reações dos discípulos diante do Mestre de Nazaré.
Quantas vezes questionamos a demora dos apóstolos em entender que Jesus não era um Messias político! Ou a lentidão dos apóstolos em aderir aos propósitos do Mestre diante de tantos milagres! Milagres, estes, que revelavam que Aquele homem não era um simples profeta, mas Alguém além disso.
Tantos fatos, tantas situações e ocasiões que realmente "re+velavam" quem era Nosso Senhor e, ainda sim, segundo o nosso juízo, os discípulos não entendiam quem Ele era.

Junto com você, gostaria de lançar um olhar mais demorado sobre esses homens que conviveram bem de perto com o Senhor. Nós nos identificamos com cada um deles. Pedro, um homem sincero, mas muitas vezes medroso. Tiago, um homem firme. Bartolomeu, verdadeiro (como o próprio Cristo disse: "homem sem fingimento"). Mateus, um pecador que se arrependeu. Em cada um deles encontramos um pouco de nós. Assim como eles, também nós, apesar de conhecermos o Senhor e de, muitas vezes, já termos reconhecido a Sua presença em nossa vida e experimentado os Seus milagres, ainda não nos deixamos transformar por completo. Por quê?
Ao olharmos de maneira demorada para a relação de Jesus com os discípulos, percebemos a pedagogia que Ele teve com cada um, pois eles trilharam um caminho com o Mestre. Um caminho de sofrimento não só para Jesus, mas também para eles. Com certeza, foi sofrido largar o pouco que tinham, ou ainda o tudo que eles tinha para sonharem o sonho de Jesus. Era uma nova proposta de vida, uma maneira diferente de viver daquela que eles tinham aprendido desde sempre. Tudo o que Cristo fez e propôs a eles foi marcante e desafiador. Como deve ter sido difícil para eles ouvirem que, depois de três anos juntos, Jesus iria morrer pelas mãos dos fariseus e doutores da Lei. Nessa perspectiva, entendemos a atitude de Pedro em dizer que daria a vida por Jesus, mas que não O queria ver morto.
A bela notícia é que somos também assim, somos contraditórios. Ao mesmo tempo em que O defendemos com a nossa conduta ou com nossas ações, também O negamos. Mas isso é próprio daquele que tem a coragem de se colocar a caminho. O desconcertante em Jesus é que aquele que vive a condição da contradição, ou seja, o errar mesmo querendo acertar, é a esse que Ele se apresenta como Mestre, como Aquele que forma, que modela, que gera a vida nova.
Olhemos para os mesmos discípulos. Em fatos isolados, eles podem nos ter desapontado por causa de suas reações, mas é inegável que, após essa caminhada com o Mestre, verdadeiramente eles foram "trans+formados". Assim acontece também conosco. Não olhe na sua vida os fatos isolados, quando você não foi feliz em suas ações. Tenha a coragem de "olhar devagar" e enxergar o caminho que você está fazendo. O Jesus que amou Pedro no momento em que o apóstolo viveu o seu martírio, foi o mesmo que amou o discípulo no momento em que ele negou o Mestre.
Tenha coragem. Arrisque-se na escola do Mestre de Nazaré, onde o maior desafio é não olhar para o nosso limite, mas sim enxergarmos no amor de Jesus a possibilidade do nosso crescimento.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Reconhecimento dos limites e a necessidade de mudança.

Todas as pessoas têm suas limitações, as quais devem ser observadas e analisadas... Caros irmãos, que alegria estar recebendo as partilhas de alguns de vocês, sobre a formação deste mês, fico feliz por saber que esta sendo de acordo, com a necessidade diária que cada um enfrenta. Nosso tema esta semana tem duas situações reais que se completam e assim formam o tema. Dividindo este tema temos duas situações que nos fala sobre o Reconhecimento dos nossos limites e após este reconhecimento tendenciamos a descobrir a necessidade que temos de mudança. Quando reconhecemos os limites que são nativos em nós mesmos, podemos descobrir a direção certa e conseguir a máxima realização da nossa vocação.
Todas as pessoas têm suas limitações, as quais devem ser observadas e analisadas, não como "falhas" ou "defeitos", mas como o resultado imediato de pontos fortes em outras situações. Como o fundador nos diz: Ninguém sabe tudo ou tem tudo, pelo contrário todas as pessoas tem limitações. O que precisamos é utilizar do autoconhecimento e a autoconfiança, para reconhecer que temos áreas limitadas. A beleza da Comunidade é observar que o limite de cada um são diferentes e por isso mesmo o que um membro tem de limite o outro já não tem e quando nos unimos em Comunidade um vai ajudando o outro e assim nos tornamos completos.
Algumas vezes, necessitamos tentar superar nossos limites é preciso antes de tentar superar reconhecer a existência deles, muitas pessoas passam anos sem conseguir mudar, sem ser uma nova pessoa não é por que Deus não agiu na vida dele(a), mas é porque a pessoa passou a vida inteira sem querer reconhecer, imagina se não reconhecermos como iremos pedir a ajuda de Deus para mudar? Como vamos exercitar a prática da mudança? É impossível mudar quando não se tem a consciência desta necessidade. É relevante observar que as nossas limitações não significam falhas irrevogáveis do nosso caráter, da nossa personalidade, pois quando nos esforçamos para superar, adquirimos a autoconfiança e até mesmo descobrimos talentos, dons que antes eram vistas como um bloqueio ou uma dificuldade.
O reconhecimento de nossos limites e o desejo de discernir que este limite pode ser trabalhado e superado gera auto-realização em nossas vocações. Sempre observo isso quando estou atendendo meus pacientes, quando eles reconhecem os limites e decidem que irão mudar, começa o grande processo de cura e auto-realização na vida deles, pois muitas vezes o limite esta tão intrínseco que começa a ser o condutor da pessoa, a vida dele(a) passa a girar em torno do limite que ele tem, mas o que é gratificante é observar a mudança, quando ele descobre a necessidade de mudança, ele começa já a desejar mudar então toda a transformação ocorre na vida dele, assim também é comigo é com você, precisamos parar de se esconder atrás dos nossos limites; nos é necessário parar de ficar justificando a existência deles e partir para superar eles, afinal nós acreditamos no Batismo do Espírito Santo em nossas vidas, nós acreditamos em transformação, em mudança de vida, então o que nos falta para deixar Deus fazer isso conosco? Meus irmãos temo que estejamos muito acomodados com nossos limites e por isso mesmo não pedimos mais a Deus para fazer em nós a transformação que quando Ele nos chamou Ele quis realizar em nossas vidas.
Observe o quanto aqueles que seguiam o Senhor eram limitados, mas vejam quanto transformações ocorreu na vida de cada um deles, me entristeço comigo mesmo quando eu olho para os meus limites e não busco a mudança; ou desacredito dela, o sentimento que tenho quando isso ocorre é que eu não estou mais deixando Deus concluir a obra que um dia Ele começou na minha vida, então se você hoje se encontra em situações como esta, chegou o momento de parar um pouco e reconhecer a sua limitação e em seguida desejar viver uma mudança é preciso antes de tudo reconhecer e em seguida deixar gerar em seu coração a necessidade e o desejo de mudar.

Amar o verdadeiro martírio

A atitude de amar é cada vez mais rara. Muitas vezes, deparamos com coisas que nos sentimos incapazes de fazer por conta de nossas misérias. Jesus, no “testamento” d'Ele, nos deixa uma ordem que é o grande desafio da vida de qualquer ser humano: “Amai-vos uns aos outros” (João 15,12). O mandamento do amor, muito mais que uma simples ordem, é um projeto de vida que perpassa a existência de todo homem.
Como imagem e semelhança de Deus, que é amor, o homem tem por vocação amar. Por isso se não a [vocação] cumpre, não encontra em sua vida a verdadeira realização e a felicidade. Amar é a vida do ser humano. Alguém que não ama já está morto.
Mas quem disse que amar é fácil? Quem disse que felicidade e realização são palavras opostas a sacrifício e a sofrimento? Em meio a um mundo hedonista, impregnaram em nossa consciência que felicidade é fazer e viver tudo o que, de alguma forma, não nos custe nada. É por isso que cada vez mais o mundo se torna individualista e a atitude de amar é cada vez mais rara. Amar exige sofrimento, renúncia, martírio.
Se amar é muito mais do que um simples sentimento, é uma decisão e uma atitude de vida, logicamente vai exigir um sacrifício próprio. Muita gente projeta a vida a partir de um desejo, às vezes, um carro, uma casa e sacrifica muita coisa em função disso. Se o projeto próprio dos filhos de Deus é amar, precisamos nos dispor a acolher os sacrifícios próprios dessa decisão.
Somos acostumados a desejar que as pessoas nos amem muito, incondicionalmente, sem olhar para as nossas misérias e limitações. Mas quando chega a hora de amar o outro, colocamos uma série de condições. E o amor incondicional? E o amor oblação? E a alegria maior de dar do que receber? E a verdade que o amor que me cura é o que dou e não o que recebo? Não são simples perguntas, mas uma verdadeira revisão de vida para a qual somos convidados por Deus.
Jesus afirma que se a semente, na terra, não morrer ela não gerará frutos. Amar é morrer! Morrer para as minhas vontades e minhas carências e me decidir em traduzir em ato a vocação que Deus destinou para a minha existência. Não há nenhum ato de amor que não exija de nós o derramar do nosso sangue, um martírio constante que nos leva à oblação e à doação. O amor acarreta sofrimento, cruz, morte. Mas traz consigo redenção, ressurreição, alegria!
Martírio é testemunho. Mártir é aquele que derramou o seu sangue para testemunhar ao mundo um amor maior. É aquele que cumpriu, com excelência, a sua vocação de amar. Em um mundo, que não mais acredita em muitas verdades essenciais, há a extrema necessidade de pessoas capazes de suportar todas as tribulações, de forma a testemunhar que o mandamento do Senhor não é uma utopia. Deus nos chama a sermos hoje mártires do amor, em meio a um povo que esqueceu a sua vocação de amar.
Talvez você esteja sofrendo muito por ter se decidido a amar alguém concretamente e sem esperar nada em troca. Pode ser que a decisão de amar o esteja levando a chorar ao se deitar e a perder noites de sono. Ou então, sua vida se tornou um verdadeiro calvário a partir do momento em que você saiu da teoria e foi colocar a sua vocação de filho de Deus em prática. Louvado seja Deus! Você está se aproximando cada vez mais da meta, da plenitude do verdadeiro projeto de vida que Jesus nos deixou : “Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo” (João 15, 12).
Quando os nossos sofrimentos são causados por atos verdadeiros de amor, eles nos trazem dor, mas trazem também um sentimento de felicidade inigualável. Não uma felicidade aos moldes mundanos, mas a verdadeira felicidade, a verdadeira paz no coração daqueles que realizaram, com aquele sacrifício, a vontade de Deus para a sua vida.
Jesus nos deixou o exemplo da cruz. A cruz é o modelo de amor. Ele nos amou até o fim e nos mostrou que, por amor, somos capazes de levar a nossa decisão até as últimas consequências. Até o derramamento de sangue. Dando literalmente a vida. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (João 15, 13).
É hora de pararmos de ficar lambendo as nossas feridas e transformá-las em chagas de amor. Se amar o tem machucado e ferido, você agora tem mais coisas em comum com Jesus. Quando chegar à vida eterna, Ele vai olhar para essas chagas e vai lhe dizer: “Como você é parecido comigo!”. Por isso: não desista de amar! Não desista de testemunhar ao mundo que o amor não é uma utopia, mas uma verdade. Seja onde for que Deus o coloque, seja um mártir do amor. Dê a sua vida pela simples, mas inigualável e heroica decisão de amar sem condições, sem medidas.

domingo, 14 de agosto de 2011

poema de pai

Pai!
Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo prá gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez...

Pai!
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre
Esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz...

Pai!
Pode crer, eu tô bem
Eu vou indo
Tô tentando, vivendo e pedindo
Com loucura prá você renascer...

Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...

Pai!
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida
Onde a vida só paga prá ver...

Pai!
Me perdoa essa insegurança
É que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...

Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar
Ah! Ah! Ah!...

Pai!
Você foi meu herói meu bandido
Hoje é mais
Muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai! Paz!...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A minha alma tem sede de Deus

 Minha Alma Tem Sede e Fome Do Senhor Alimento Que Vem Do Lugar Que Eu Sou
Possuímos também uma dimensão espiritual O Salmo 62 reflete, perfeitamente, a dimensão espiritual do homem. Isso mesmo. Não somos somente corpo e psique, possuímos também uma dimensão espiritual que abrange todo o nosso ser e nos envolve por completo.
Uma das funções dessa dimensão espiritual é buscar o sentido último de nossa vida, ou seja, a nossa volta à casa do Pai. Somos criaturas; somos criados, gerados e feitos para uma finalidade e, quando isso se cumpre e chegamos ao fim dessa missão, o que nos resta é voltarmos ao nosso Criador. É por isso que o salmista insiste que nossa alma, isto é, o mais íntimo do nosso ser, tem sede de Deus.
Nossa alma anseia por cumprir sua missão. Primeiro, por cumprir a finalidade para qual foi criada; depois, para poder estar na "casa do Pai", na presença d'Ele.
Vamos exemplificar isso com a seguinte metáfora: Um jovem foi enviado por seu pai a uma terra distante para resolver assuntos de interesse de sua família. Ele foi sem data para retornar, pois não se previa o tempo que levaria para resolver esses problemas. Fez suas malas levando em conta o tempo e as circunstâncias pelas quais iria passar. Como não sabia quantos dias iria ficar nessa terra distante, levou fotografias dos entes queridos, os números de seus telefones e, até mesmo, um notebook para poder se comunicar com eles. Ao chegar a seu destino, foi logo se ocupar de sua missão. Os dias foram se passando e a saudade chegando. Ele usou de seus recursos para manter contato com a família.
A cada contato, acontecia-lhe algo estranho: assim que falava ou via a fotografia de alguém sentia uma emoção forte e certo alívio, mas, assim que o contato se interrompia – afinal havia uma missão a ser cumprida e precisava da presença dele – ele sentia, em seu peito, um aperto imenso e uma vontade louca de voltar à presença deles.
O tempo passou e, finalmente, o jovem cumpriu sua missão. No mesmo instante, preparou-se para voltar. E como demorou a volta! No caminho, foi recordando cada detalhe de sua casa, de sua família e, principalmente, de seu pai. Ao chegar à porta de casa, largou, ali mesmo, sua bagagem e correu para dentro a fim de abraçar o pai e os demais familiares. Percorreu toda a casa, entrou em seu quarto, esticou-se em sua cama e pensou: "Missão cumprida! Estou de volta à casa de meu pai".
O contato que temos com Deus, seja na Eucaristia, seja na oração ou por meio dos sacramentos, faz com que aliviemos a saudade d’Ele, mas não nos completa. Essa sensação de "completo" só teremos após o encontro definitivo com o nosso Criador.
Que nossa alma nunca se esqueça de onde veio e para onde deve voltar; que ela anseie, cada vez mais, pelo Deus vivo! Enquanto não podemos abraçá-Lo, vamos visitá-Lo no Sacrário, pois nosso Criador também tem saudade de nós e nos espera ansioso. Lembre-se: há uma missão a ser cumprida.

A Paciência

As demoras e os fracassos Em Deus, podem ser vitórias
A vitória é fruto de um trajeto de espera, de paciência e de certezas. É uma via de alegrias e tristezas, de ânimos, desânimos, mas que não pára por isto. Uma força positiva se faz sempre presente, não deixando que tudo termine antes da hora.
Assim acontece na quaresma, num caminho de paciência e de conversão, na espera da inauguração do Reino proposto por Deus. Em sintonia com a Campanha da Fraternidade, esse Reino é constituído pela prática de uma economia de solidariedade.
O mundo é chamado a cuidar da natureza, a valorizar a vida como o bem mais precioso. Isto só acontece quando temos em mente o verdadeiro sentido e valor da pessoa humana, que deve ser preservada como imagem e semelhança do Criador.
Não podemos eliminar a vida só porque ela é improdutiva, ou porque vive na situação de sofrimento. A atitude deve ser de solidariedade e paciência, levando em conta que “quem pensa estar de fé tome cuidado para não cair”.
No mundo, ninguém é melhor do que o outro. Todos nós devemos produzir frutos bons, cada um dentro de suas condições, mesmo levando consigo alguns traços de egoísmo e de falta de amor. É por isto que na quaresma se diz que “todos devemos converter-nos sempre”.
A celebração da Páscoa exige de nós pureza de coração e eliminação do orgulho, ambição, inveja, exploração, intenções ambíguas, traição e tudo aquilo que mancha nosso ser é o nosso fazer. É realmente um caminho paciente de purificação do coração.
Nem sempre somos tão pacientes como acontece com a ação de Deus na História da Salvação. Temos em nós a presença do trigo e do joio, atitudes boas e más. O tempo é de purificação e de luta pela realização daquilo que gera e promove a vida.
Celebrar Quaresma e Páscoa é dar sempre passos de paciênciapedagógica como oportunidade de reflexão e de retomada solidária, reconhecendo a ação de Deus em nós e a possibilidade da nossa busca da perfeição, facilitando uma vida mais feliz.


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Deus Esta De Braços Aberto A Te Espera

 Braços abertos
Quando acolhemos alguém com alegria em geral, abrimos os braços para indicar a grande aceitação do outro. Como é importante sabermos abraçar-nos nessa perspectiva, dentro dessa nossa visão cultural. Há outros povos com outras maneiras de fazê-lo. Na parábola do filho pródigo, Jesus narra esse gesto fecundo do pai que acolhe o filho que o havia abandonado para ir errante por descaminho na vida (Cf. Lucas 15, 11-32). Ainda bem que Deus não abandona jamais seus filhos, mesmo os mais ingratos. Nele temos a certeza do abraço, até quando voltamos de nossas terríveis ingratidões! Essas se manifestam na nossa auto-suficiência, nas injustiças, nos comportamentos de expressão de paganismos, de colocação do ter acima do respeito à vida e à dignidade humana, no desrespeito aos valores fundamentais da convivência humana, do corpo, da família, da criança, dos negros, da mulher, dos idosos, dos empobrecidos...
Voltar é preciso para não perdermos nossa dignidade de imagem e semelhança do Criador. Afinal, não somos puros animais irracionais. Temos valores transcendentes à matéria. Nascemos para viver e viver eternamente! A reconciliação conosco nos leva à reconciliação com o outro e com Deus. Esse tempo de conversão, a Quaresma, nos coloca na necessidade de abraçarmos Aquele que sempre está de braços abertos, oferecendo-nos a vida de sentido a cada instante. Nele encontramos a razão de ser da vida, até dos sofrimentos e renúncias, para conseguirmos a vida de pleno êxito. Ela não está no ter acumulativo de bens, prazeres e poder, mas na razão de sermos pessoas que se realizam na sintonia de amor com o Criador e o semelhante.
Cristo nos coloca em sintonia com seu Pai e nos dá a possibilidade de reconciliação com Ele: “Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova... Tudo vem de Deus, que, por Cristo, nos reconciliou consigo” (2 Coríntios 5, 17.18). O ser humano se sente realizado no equilíbrio ou sintonia harmoniosa consigo, com Deus, com o outro e a natureza. Esse relacionamento o faz perceber o valor de seu ser acima de qualquer coisa material e puramente sensível. O valor de sua pessoa é engrandecido com a sintonia de vida com o projeto do Criador. Assume, então, a missão fornecida por Ele: “Somos, pois, embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós” (1 Coríntios 5, 20).
No amplexo ou abraço de Deus, encontramos o porquê da vida e seu apoio total para a realização e a construção de nossa existência com a certeza de sua destinação feliz. Sem Ele, não conseguimos o maior desejo de felicidade da vida.
Deixar-se abraçar por Deus nos dá a garantia plena de que caminhados pelo rumo certo. Mesmo que tivéssemos de ser tratados como empregados, à semelhança do filho pródigo, a vida já seria de bom tamanho. Na realidade, Deus nos trata realmente como filhos. Por isso, temos coragem de mudarmos de vida para encontrarmos o sentido da mesma na casa do Pai.

Deus Te Chama

Dom,pessoa e missão
O bispo da Igreja Católica, um sucessor dos apóstolos, daqueles apóstolos primeiros chamados pelo Mestre Jesus Cristo, assim constituídos por Ele, é nomeado de ‘dom’, uma titulação precedendo o seu nome de batismo. A respeito desses primeiros apóstolos, o evangelista Marcos narra que “Jesus subiu a montanha e chamou os que ele quis; e foram a ele. Ele constituiu então doze, para que ficassem com ele e para que os enviasse a anunciar a Boa Nova, com o poder de expulsar os demônios” (Mc 3,13-15).
É chamado de dom aquele que é bispo, tradição de dois mil anos, na Igreja do seu Mestre e Senhor. Bispo, portanto, não é um título que alguém pode arvorar e definir para si, como fundador e líder de um grupo de fieis que passam, ainda que por razão de práticas religiosas, a se definir como uma Igreja. A Igreja nasce do querer e do coração do seu Mestre e Senhor Jesus. O querer é de Cristo, aquele que morreu e ressuscitou.
Dom não é, então, um simples título honorífico. Não é uma formalidade para nomear uma pessoa. Dom é referência a uma pessoa - consagrada para a missão que o Senhor Jesus deu àqueles onze primeiros chamados. E que permaneceram com Ele, numa tradição sucessória ininterrupta, nestes dois mil anos de existência da Igreja Católica. Uma existência sustentada, em meio às vicissitudes do tempo e da história, pela fidelidade e obediência corajosa ao mandato do seu Mestre.
O evangelho segundo Mateus narra a cena dos “ inícios” em referência ao grupo daqueles que ao longo dessa história vem perpetuando, no tempo, esse mandato de Jesus, no contexto da língua portuguesa, no Brasil, referidos como dom. “Os onze discípulos voltaram à Galiléia, à montanha que Jesus lhes tinha indicado.
Quando o viram, prostraram-se; mas alguns tiveram dúvida. Jesus se aproximou deles e disse: ‘Foi-me dada toda autoridade no céu e na terra. Ide, pois , fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,16-20).
O Senhor Jesus ressuscitado prometeu a esses discípulos, os onze primeiros dessa tradição e sucessão apostólica: “Eu enviarei sobre vós o que o meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,49). O evangelista Lucas narra também, nos Atos dos Apóstolos, que esses primeiros onze discípulos, indagaram de Jesus sobre o estabelecimento do Reino para Israel. A resposta ilumina o entendimento das raízes que constituem um bispo, chamado e conhecido como dom: “… recebereis o Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra… Então os apóstolos deixaram o monte das Oliveiras e voltaram para Jerusalém, à distância que se pode andar num dia de sábado.
Entraram na cidade e subiram para a sala de cima onde costumavam ficar. Todos eles perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres – entre elas, Maria, mãe de Jesus – e com os irmãos dele… Quando chegou o dia de Pentecostes, os discípulos estavam reunidos todos no mesmo lugar. Todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At 1,8.12-14;2,1.4).
Dom é  aquele que, nesta sucessão apostólica congrega, como sinal visível da unidade, uma porção deste Povo de Deus, como Igreja, comunidade de fé. Esses sucessores dos apóstolos, à frente das 32 dioceses de Minas Gerais e Espírito Santo – constituídos no Conselho Episcopal Regional Leste 2 (um dos 17 regionais da Conferência Nacional do Brasil), estão congregados para uma visita a Roma do dia 5 a 19 de junho. É a visita ad Limina Apostolorum: ao lugar onde os apóstolos Pedro e Paulo testemunharam sua fé, oferecendo suas vidas.
Roma é o lugar. Lá está o sucessor de Pedro, o Papa, o Santo Padre Bento XVI. Os bispos do mundo inteiro, periodicamente, vão a Roma, para esta visita que inclui espiritualidade, estudo, convivência, reflexões e encontros, reavivando a memória do coração - a riqueza da tradição, e tem como coração o encontro com o Papa. De novo, em cada tempo, aquela experiência de Paulo apóstolo, por ele mesmo descrita, na carta aos Gálatas, quando saiu de Damasco e foi a Jerusalém para conhecer Cefas e ficar com ele 15 dias. Aquele momento fortaleceu o apóstolo que partiu em missão, movido pela graça, e sustentado pelo encontro com Pedro. A consagração no ministério de Bispo é compromisso não apenas de ser chamado dom, mas de ser, verdadeiramente, dom para todos.
Dom na tarefa de congregar na unidade, para além da administração. Dom na experiência de ser, nesta época moderna, sinal e inspirador da procura de sentido, no seguimento de Jesus Cristo, na condição de contemplativo presente no mundo, seu conhecedor e intérprete de suas perguntas. Buscando respostas, servindo especialmente aos mais próximos, solidariamente próximo a todos.
 

A sadia convivência no namoro

 
Precisa haver uma disposição interior para vivê-la
O que é a sadia convivência? É viver com naturalidade, pureza e sinceridade os nossos relacionamentos. O termo "sadio" é antônimo de "doente".
Hoje vivemos numa sociedade enferma, marcada pela pornografia, pela malícia nos relacionamentos, pelas brincadeiras inconvenientes, e tudo isso conduz à sensualidade. No viver de forma sadia, tudo isso precisa ser eliminado. A Palavra de Deus nos diz: "Não vos conformeis com este mundo" (Romanos 12,2).
"A imoralidade sexual e qualquer espécie de impureza ou cobiça sequer sejam mencionadas entre vós, como convém a santos. Nada de palavrões ou conversas tolas, nem de piadas de mau gosto: são coisas inconvenientes; entregai-vos, antes, à ação de graças. Pois, ficai bem certos: nenhum libertino ou impuro ou ganancioso – que é um idólatra – tem herança no reino de Cristo e de Deus" (Efésios 5,3-5).
Há pessoas que, com boa intenção de ajudar o outro, começam a se aproximar sem conhecer as suas fragilidades; o resultado, no entanto, pode ser desastroso, porque em vez de ajudá-lo acabam provocando sentimentos que prejudicam a vida dessa pessoa.
Dom Bosco dizia que para salvar os jovens ele iria até as últimas consequências, mas era preciso ser prudente. Há confusão quando não há maturidade; é preciso construir um caminho de luta, de sacrifício, de esforço, dedicação e zelo.
Porém, se você busca a castidade, mas não consegue se desvencilhar dos filmes pornográficos e das sessões de piadas, como ser curado? Dentro de você precisa haver uma disposição interior para que possa fechar todas as brechas.
Somente conseguiremos ser homens profundamente curados na nossa afetividade e sexualidade pelo poder do Espírito Santo.
A cada dia peçamos esta graça para que sejamos homens curados e plenos do amor de Deus.
 

Proibições e castidade

Como ficam os estímulos da Bíblia a uma vida casta? 
Para expressar uma porção de conceitos, o mais das vezes pouco claros, a psicologia tomou emprestado um vocábulo polinésio. Trata-se da palavra "tabu". Esta imediatamente nos leva a uma ideia potencialmente negativa. Seriam proibições (quase sempre idiotas para o homem moderno) a respeito de assuntos dos quais nem se deve falar. Mexer nessa área seria expor-se a perigos sobrenaturais. Derivam do respeito que se deve ter para com objetos sagrados. Seriam interdições mágicas, que não devem ser discutidas por serem santas. Tal ideia se avizinha de uma neurose. Mais de uma vez na vida já escutei gente sentenciando que a maioria das proibições religiosas, de ordem sexual, seriam meros tabus, portanto, leis irracionais. Neste caso, como ficam os estímulos da Bíblia a uma vida casta? “Ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, honroso e puro” (Fil  4, 8)?
Quando em assuntos sexuais se procura mostrar a beleza da sexualidade, como uma forte energia motivadora, um bem desejado por Deus dentro da vida matrimonial, não se pode mais falar em tabu. Este existe onde não há motivação, onde tudo é misterioso e sem razão de ser. O  verdadeiro discípulo de Cristo sabe por que deve se abster de desregramentos sexuais. Isso é uma espécie de disciplina, visando bens maiores. O que buscamos é relativizar o legítimo prazer sexual, por sabermos que existem bens maiores, como o amor a Deus e ao próximo. "Só os puros verão a Deus" (Mt 5, 8).
Certa ocasião, numa roda de conversa, falei a meus interlocutores que eu admirava muito o gesto heroico da mártir catarinense Beata Albertina Berkenbrock. Ela preferiu derramar seu sangue a satisfazer os instintos sexuais de um homem brutal. Ela preferiu morrer por causa de suas convicções religiosas. E também para defender a honra da mulher. Então um distinto senhor sentenciou: “Essa moça não serve de modelo para a juventude de hoje”. Trata-se de alguém que capitulou diante do mundo moderno. Ele acha que a mulher, em vez de dar a sua vida por convicções de fé, deveria se entregar pacificamente. Essa bem-aventurada – que do céu ela me ouça- seguramente não agiu por força de tabu, mas por convicções de fé.


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